quinta-feira, 21 de julho de 2011

CRISTO... A REAÇIDADE DA SUA DIVINA PRESENÇA

CRISTO... A REAÇIDADE DA SUA DIVINA PRESENÇA



Não se apegue a nenhuma palavra. Poderá substituir "Cristo" por presença, se isso significar mais para si. Cristo é a sua essência divina ou o Eu, como por vezes é chamado no Oriente. A única diferença entre Cristo e presença é que Cristo se refere à sua divindade íntima independentemente de você estar ou não consciente disso, ao passo que presença significa a sua divindade desperta ou essência divina.


Muitos mal-entendidos e falsas crenças sobre Cristo desaparecerão se você compreender que em Cristo não existe passado nem futuro. Dizer que Cristo foi ou será é uma contradição. Jesus foi. Foi um homem que viveu há dois mil anos e se apercebeu da presença divina, da sua verdadeira natureza. E por isso ele disse: "Antes de Abraão ter sido, Eu Sou." Ele não disse: "Eu já existia antes de Abraão ter nascido." Isso teria significado que ele ainda se encontrava na dimensão do tempo e na identidade da forma. As palavras "Eu sou" usadas numa frase que

começa no pretérito passado indicam uma mudança radical, uma descontinuidade na dimensão temporal. É uma afirmação Zen muito profunda. Jesus tentou comunicar diretamente, e não através do pensamento discursivo, o significado de presença, de auto-realização. Ele passara para além da dimensão da consciência dominada pelo tempo para o reino do intemporal. A dimensão da eternidade chegara a este mundo. A eternidade, evidentemente, não significa tempo sem fim, mas a ausência de tempo. Assim, o homem Jesus tornou-se Cristo, um veículo de pura consciência. E qual é a definição que, na Bíblia, Deus dá de si próprio? Deus disse: "Eu sempre fui e eu sempre serei"? Claro que não. Isso teria dado realidade ao passado e ao
futuro. Deus disse: "EU SOU AQUELE QUE É". Não há aqui tempo, apenas presença.

A "segunda vinda" de Cristo será uma transformação da consciência humana, uma conversão do tempo para a presença, do pensamento para a pura consciência, e não a chegada de algum homem ou mulher. Se "Cristo" voltasse amanhã sob uma forma, que poderia ele ou ela dizer-lhe que não fosse isto: "Eu sou a Verdade. Eu sou a Divina Presença. Eu sou a vida eterna. Eu estou dentro de si. Eu estou aqui. Eu sou o Agora."
Nunca personalize Cristo. Não faça de Cristo uma forma de identidade. Como pessoas, os avatares, as mães divinas, os mestres iluminados (os pouquíssimos que são verdadeiros), não são especiais. Sem um falso eu para os apoiar, defender e alimentar, eles são mais simples e mais comuns do que o homem ou a mulher comum. Alguém com um ego forte considerá-los-ia insignificantes ou, mais provavelmente, nem sequer os veria.

Se se sentir atraído para a presença de um mestre iluminado, é porque já existe presença
suficiente em si para você reconhecer a presença no outro. Houve muitas pessoas que não reconheceram Jesus ou Buda, assim como há, e sempre houve, muitas pessoas que se sentem atraídas para os falsos mestres. O ego é atraído por um ego maior. As trevas não podem reconhecer a luz. Apenas a luz pode reconhecer a luz. Por isso, não pense que a luz está fora de si ou que ela só poderá surgir através de alguma forma particular. Se apenas o seu mestre for uma encarnação de Deus, quem será você então? Qualquer espécie de exclusividade resulta da identificação com a forma, e a identificação com a forma resulta do ego, por mais disfarçado que ele esteja.

Use a presença do mestre para que ela crie um reflexo da sua própria identidade, para além do nome e da forma, e para você próprio se tornar mais intensamente presente. Depressa compreenderá que não existe nem "meu" nem "teu" na presença. A presença é só uma.
O trabalho em grupo também poderá ser útil para intensificar a luz da sua presença. Um grupo de pessoas que entram juntas num estado de presença gera um campo de energia coletiva de grande intensidade. Não só aumenta o grau de presença de cada um dos membros do grupo, como também ajuda a libertar a consciência coletiva humana do seu estado normal de identificação com a mente.

Isso fará com que o estado de presença seja cada vez mais acessível aos indivíduos. No entanto, a não ser que pelo menos um dos membros do grupo já esteja firmemente estabelecido nele e possa assim manter a frequência de energia desse estado, a mente egoica poderá facilmente reafirmar-se e sabotar os esforços do grupo. Embora o trabalho de grupo seja valioso, não é suficiente, e você não se deve tornar dependente dele. Da mesma forma, evite tornar-se dependente de um professor ou de um mestre, excepto durante o período de transição, enquanto aprende e pratica o significado da presença.

Eckhart Tolle

Do livro - O Poder do Agora

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