quarta-feira, 20 de maio de 2009

O LIVRO ( sem nome ) SEGUNDA PARTE/CONTINUAÇÃO 08

O LIVRO ( sem nome )

SEGUNDA PARTE

/CONTINUAÇÃO 08




- E eu fui cavando o tal buraco. Já estava bem fundo e eu já estava cansada também. Olhei para ele e disse: - Que tamanho tem que ser este buraco? – Cave – respondeu. Cave até encontrar o que viemos desenterrar.



- Estou me lembrando de quando cavou o fosso para enterrar teus medos.



- É, esta é uma boa lembrança. Mas o que foi desenterrado não é.



- Então encontrou alguma coisa enterrada?



- Sim menina. Bem lá no fundo. Eu tinha que cortar a terra com o facão e com as mãos trazê-las para cima. Fiz um buracão. Não tão largo, mas muito, muito fundo. E num repente a ponta do facão bateu em algo duro. Eu disse ao senhor João: - Tem algo aqui. Ele respondeu : - Com as mãos tire a areia que está em volta e pegue o que encontrou, mas sem destruir.



- E o que era mimosa? Alguma caixa talvez?



- Não querida. Era um pacotinho feito de pano. Devia estar enterrado a muito tempo, pois o pano já estava carcomido e inteiro coberto com cracas. Aquelas coisas que ficam grudadas nas conchinhas que encontramos na areia da praia.



- Sei como é. E o que aconteceu?



- O senhor João abaixou, colocou o braço que estavam as cobras na altura da areia e começou a assobiar. As cobras foram se desenrolando, saindo do braço dele e entrando novamente no mato da praia. Em seguida ele veio, e com o facão foi abrindo o pacotinho. Dentro dele, totalmente envolto em fios havia um sapo seco. Era tanto fio que o sapo estava “protegido” da decomposição que fatalmente teria ocorrido pelo tempo que aquela coisa estava enterrada. Ele cortou os fios com cuidado, e de dentro da boca do sapo mandou que eu tirasse uns papéis pequenos que lá estavam. Alguns deles totalmente destruídos. Mas tinha outros que não. E o último que tirei havia algo escrito que era possível ainda ler. E lá estava meu nome escrito por extenso.



- Nossa, que coisa!



- O senhor João disse então que eu levasse aquilo tudo e jogasse no mar. Foi o que fiz. Entramos no carro e voltamos para São Paulo.



- E na volta você foi perguntando tudo o que tinha direito!



- Não. Eu ainda estava digerindo o acontecido. Ao chegarmos na casa dele, aí sim quis fazer perguntas. Mas ele não permitiu.



- Como assim? Que mal educado!



- Sua boba, só você mesmo para me fazer rir com estas lembranças. Ele disse que naquele momento não poderíamos conversar, pois ele tinha trabalho a fazer em decorrência do acontecido. E que eu voltasse quando pudesse.



- E você voltou?



- Voltei sim. No dia seguinte. Em lá chegando ele me informou que estaria indo para Manaus daí a poucas horas, pois atendia lá, e iria aproveitar a ida para terminar o trabalho que havia começado a fazer para mim. Só então eu falei do Cezar. Contei o que estava acontecendo com ele e o senhor João respondeu : - Filha, fizeram para você um trabalho espiritual com a finalidade do teu desencarne. Como você tem muita proteção, afetou teu filho. Tenha Fé, que está tudo para terminar. Teu filho ficará bem.



- Ai que ótimo. Ele demorou muito para voltar de Manaus?



- Não mais do que eu.



- Como assim?



- Ora Lúcia, se ele estava indo também para terminar com um trabalho espiritual que estava afetando meu filho, eu queria ver isso de perto. E fui. Perguntei onde ele ficaria hospedado e fui para o mesmo hotel. Ele chegou primeiro, pois já tinha passagem comprada. Eu cheguei algumas horas depois, e ao entrar no hotel lá estava o senhor João brincando com as aves.



- Conta essa mimosa.



- Bem, o hotel onde nos hospedamos tem um viveiro no saguão da entrada. Em enorme viveiro, com água corrente em forma de laguinhos, pássaros e patos nadando. É todo de vidro este viveiro. E o senhor João estava lá, e me disse que estaria “conversando” com seus amigos pássaros. Olhei dentro dos olhos dele e disse: - Fala com eles? Ele respondeu: - Ainda não acredita? Vou te mostrar. E mostrou. Disse assim : - Está vendo os patinhos nadando? Vou pedir à eles que sigam você. Para onde você foi eles todos irão. Assobiou baixinho e todos os patinhos vieram se juntar onde nós estávamos.



- Que lindo!



- É foi lindo. Mas eu ainda queria mais. Pensando que os patinhos poderiam ter sido atraídos pelo assobio, eu fui para o outro lado do viveiro. E eles também. Todos. Foram se juntar a mim. Mudei novamente de local, e eles mudaram também. Estava convencida! O senhor João então assobiou novamente. Um assobio baixo e longo. E os patinhos voltaram a rotina normal.



- E o trabalho, foram desfazer?



- Sim, vou te contar.

Nenhum comentário: