quarta-feira, 6 de maio de 2009

O LIVRO ( sem nome ) PRIMEIRA PARTE/CONTINUAÇÃO 02/6

O LIVRO ( sem nome ) PRIMEIRA PARTE/CONTINUAÇÃO 02/6

PRIMEIRA PARTE

continuação 02/06





- As primeiras lembranças que tenho no contato com a espiritualidade, remontam-se ao tempo em que tendo sido acometida de paralisia infantil, meus pais buscaram ajuda no centro espírita de minha avó paterna.



- É sempre assim, disse Lúcia sorrindo. Quando o calo aperta no sapato corremos para encontrar o remédio.



- É verdade filha. Infelizmente na maioria das vezes buscamos Deus apenas através da Dor.



- Lembro-me ainda hoje como eu achava aquilo tudo muito gozado. Era um centro que chamam de “mesa branca”. Sabe que ainda hoje não sei dizer por que mesa branca? Provavelmente por ficarem todas as pessoas ao redor de uma mesa coberta com uma toalha branca.



- Também não sei dizer o motivo apesar de já ter ouvido falar. Vou pesquisar na net, afirma Lúcia sorrindo. Mas conta. Porque achava gozado?



- Bem, assim que todos estavam acomodados em seus lugares à volta da mesa, davam-se as mãos e faziam uma oração. Depois, minha avó Olga que era quem presidia a seção, lia uma passagem do Evangelho. Após a leitura ela perguntava se havia algum irmão desencarnado que estivesse precisando de auxílio. Esta era a parte que eu achava engraçada.



- Como assim querida?



- Veja Lúcia, eu era pequenina. Tinha apenas três anos de idade e não entendia nada do que estava acontecendo. A toalha que cobria a mesa era branca e tinha flores bordadas em toda sua volta. Ao vovó perguntar se havia alguém precisando de ajuda, algumas senhoras ou senhores, começavam a passar as mãos naquelas flores, circulando, e diziam que sim. Entende o que digo?



- Entendo sim, mas não estou achando engraçado!



- Não acha porque não tem três anos, não estava lá e não estava vendo o que eu via!



- Você está querendo dizer que via mais do que a cena que descreveu?



- Claro que sim. Entenda que para mim, a pessoa estava passando as mãos no bordado e ao fazer isso dizia: estou aqui para fazer isso ou aquilo, ou, preciso disso ou daquilo.

Na minha cabeça infantil a pessoa estava dizendo que estava no bordado quando eu via que estava ao lado ou atrás daquele que passava a mão no bordado, entende?



- Sim, entendo. E conhecendo tua maneira de ser imagino que tenha chamado a atenção para uma suposta mentira.



- Viu como você sabe de mim? Pois era isso mesmo que eu fazia. Dizia logo : ele está te enganando. Não está nada no bordado. Está ai perto de você, ou atrás de você.



- E o que acontecia? Alguém te dava bronca? Tua avó talvez?



- Nada, nem dava tempo pois eu começava a conversar com o ser invisível. Eu falava e ele respondia através do médium.



- E o que vocês conversavam?



- Ah, tinha alguns bravos, que diziam que eu era uma criança enxerida me metendo com gente grande. E ficavam nervosos. Era um custo para vovó acalmá-los. No final ela sempre conseguia, e ai acontecia o mais lindo.



- Nossa, que delicia. O que acontecia?



- Sabe Lúcia, vinha uma Luz forte e dentro dela vinha sempre alguém. As vezes um homem, outras vezes uma mulher, e chegavam perto estendendo a mão para àquele que precisava de ajuda. Este, na maioria das vezes chorando, estendia também a mão, e iam juntos embora, voando na Luz. Menina, era muito lindo.



- É, devia ser mesmo. E você ia em todas as seções?



- Eu ia lá sim, todas as vezes junto com meus pais. Mas vovó achava melhor eu ficar com a Nona, pois eu causava muita confusão.



- Nona? Quem é a Nona? Você nunca me falou dela.



- A minha Nona Ana, avó de meu pai. Uma delicia de pessoa. Mansa e meiga, e bem velhinha. Interessante que agora, falando dela, é que me dou conta que privei de sua presença física nos mais importantes anos deste meu viver. Me recordo que a reconheci com três anos de idade e ela tinha cem anos.



- Cem anos? Que barbaridade tche!



- Sim querida menina. Cem anos e lúcida. Dona de todas as faculdades mentais e físicas. Minha Nona morreu com cento e doze anos de idade, pouco dias antes de eu completar meus quinze anos.



- E ao morrer, encontrou teu Mário e você ia visitar os dois. É isso que vai dizer?



- Quase isso. Não me apresse menina. Já vou te contar.

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