segunda-feira, 17 de novembro de 2008

SOBRE A LONGEVIDADE

Sobre A Longevidade‏

"O ar é o nosso alimento mais importante. Não podemos passar 5 minutos sem ele"
Se uma pessoa tem boa saúde e sabe como preservá-la, acaba vivendo muitos anos, podendo passar dos 100 anos de idade. No planeta Terra, os locais com maior densidade de centenários são regiões bem elevadas, geralmente acima de 1.500 metros acima do nível do mar. Que ocorre nessas regiões? O ar é puríssimo, pois todas as principais fontes poluidoras do planeta estão abaixo desta altura. Abaixo reproduzo um artigo [1] sobre os habitantes de Vilcabamba, no Equador, onde existe uma grande comunidade de centenários.


Don José Medina (foto acima) parou de beber aos 106 anos de idade. De vez em quando, ainda toma "um puro" (aguardente), mas não mais de um por dia. Ainda fuma, mas muito menos do que quando "era jovem" - ali pelos 70 anos. Agora, aos 112 anos, ainda não conseguiu largar o chamico, um cigarro feito com uma erva alucinógena.Medina sempre viveu em Vilcabamba, um povoado com cerca de 4.000 habitantes no interior do Equador (650 km ao sul da capital, Quito). As condições sanitárias do local são um desastre - na maioria das casas, não há esgoto nem água encanada. Seus habitantes fumam, bebem álcool, comem muito sal, tomam muito café, usam drogas (ervas). E são um dos povos com maior proporção de pessoas centenárias no mundo - cerca de dez vezes mais do que a média mundial. Centenários e saudáveis.


Por ali, é comum encontrar-se idosos com 110, 120 anos de idade. Lêem sem óculos, conservam os dentes originais. A maioria ainda trabalha e tem vida sexual ativa. Os cabelos ficam brancos quando atingem certa idade, mas depois voltam à cor natural que tinham na juventude, sem explicação (note os cabelos pretos do José Medina aos 112 anos, acima em anexo). E, ao contrário da maioria dos lugares do mundo, os homens vivem aqui mais do que as mulheres."Alguma coisa estranha acontece em Vilcabamba", diz o médico e escritor argentino Ricardo Coler, um entre tantos profissionais que foram à cidade em busca de uma explicação. Sobre esse mistério, ele escreveu o livro "Eterna Juventud - Vivir 120 Años" (Editora Planeta, sem previsão de lançamento no Brasil), em que relata histórias como a de José Medina.São várias as teorias que tentam explicar a longevidade saudável dos habitantes de Vilcabamba. Cientistas norte-americanos afirmaram que era a composição da água que bebem. Franceses atribuíram o fato ao clima da região. Outros dizem que é o ar, a alimentação saudável à base de milho, batata, vegetais e pouca carne ou a vida tranqüila que levam. Nenhuma dessas explicações foi totalmente comprovada até hoje."Estudei a água de Vilcabamba, e sua composição se parece bastante com a água que se bebe em Buenos Aires", diz Coler, que também exclui a possibilidade de a longevidade ser genética. "Até os cachorros vivem mais por aqui, cerca de 25 anos. Ninguém ainda descobriu a causa, senão já teria ficado rico".Há também algumas teorias pseudocientíficas, que vinculam os efeitos benéficos de Vilcabamba à eletricidade no ar ou à possível presença de discos voadores (ovnis) e de extraterrestres.Seja qual for a explicação, a fama de Vilcabamba atrai todo tipo de gente. O comediante mexicano Cantinflas (1911-1993) passou o ano de 1968 na cidade, onde teria se curado de problemas cardíacos. Uma ex-executiva da NASA fundou ali uma espécie de spa new age que promove hábitos saudáveis.Um ex-astronauta e um general do exército americano também estão entre os que circulam pela Avenida Eterna Juventud, a principal da cidade. Todos, acredita Coler, vão atrás de 40 anos a mais de vida."Por isso, além dos cientistas, chegam os multimilionários, os crentes, os políticos, os messiânicos. Vêm para conseguir esses 40 anos, como antes se ia por ouro no velho oeste ou por petróleo no Oriente Médio", conta."O Século 19 foi o século dos antibióticos, o Século 20 foi o das doenças cardiovasculares e do câncer, e o Século 21 é o da longevidade", diz Coler, ao justificar por que crê que Vilcabamba é a Meca desta época em que ser saudável é fundamental.É difícil explicar o caso de Vilcabamba, já que, na maioria dos países, o aumento da expectativa de vida está relacionado com a melhoria da qualidade de vida, dos serviços de saúde pública e do saneamento básico, argumenta Naira Lemos, presidente do departamento de Gerontologia da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, em São Paulo [2].Naira cita o caso do Brasil, onde hoje há cerca de 25 mil centenários registrados. Este número é subestimado, segundo ela, já que muitos centenários não usam o serviço público de saúde ou não têm documentos que comprovem a sua idade.No Brasil, as pessoas com mais de cem anos de idade estão concentradas nas regiões Sul e Sudeste. "Aqui, a longevidade está relacionada às condições sócio-econômicas e à qualidade de vida", afirma.Por isso, ela acredita que a causa para os anos a mais dos vilcabambenses poderia ser, por exemplo, genética. "Se o meio não favorece (ledo engano), é possível que a explicação seja intrinsica, e não extrínseca, à própria população".O problema é que Vilcabamba carrega em si uma contradição. Apesar de viverem 120 anos e de não ficarem doentes, a conduta de seu povo está distante de ser regrada e a preocupação com a saúde passa longe de suas roças, puros e chamicos. O chamico é uma planta tóxica e alucinógena, também chamada de erva do diabo, que antigamente era usada por xamãs e indicada para acalmar dores fortes, como a do parto. "Seus primeiros efeitos podem ser comparados com os da maconha; depois de algumas tragadas, somam-se os da cocaína", explica Coler. "Traz alucinações, pensamentos fantásticos, perda de memória, excitação e fúria". Em Vilcabamba, virou hábito diário."Aos amantes da virtude é insuportável que os vilcabambenses vivam mais tempo e em melhores condições que os que não têm vícios. Parece injusto", afirma Coler. "Nada do que eles fazem é recomendável".Um médico que foi estudar aquele povoado saiu de lá sem grandes conclusões e a única mensagem que deixou para aqueles habitantes foi: "Não comam sal". Os longevos, é claro, ignoraram o conselho.Como agir sem regras a seguir? É difícil, acredita Coler, numa época em que a medicina ocupa o lugar muito parecido com o que já teve a igreja. "Se você segue suas vontades, paga com a doença. Sempre estão o castigando com o que você faz. Quem pode discutir hoje um conselho médico? Se a medicina diz, é verdade"."Dizer que é normal e que todo mundo envelhece, mesmo que não pareça, é uma forma de se pensar. Uma posição filosófica", argumenta Coler no seu livro. "Será a doença mais difundida de todas, mas é uma doença. Parece que em Vilcabamba há uma espécie de antídoto que produz uma melhora". "Então os 120 anos que até agora são um limite, podem se converter em 150. Velhice e morte deixarão de ser palavras absolutas", acredita.Em Vilcabamba, conta Coler, as pessoas não sofrem durante anos com doenças. Um dia, sentem-se mal e morrem. "Gostaria que meu pai pudesse ter tido uma velhice como a de um deles. Seria bom se todos os problemas de idade não se estendessem, se juntassem por um período curto no final da vida", afirma Coler, que, enquanto conhecia os saudáveis idosos equatorianos, tinha que administrar as idas ao hospital e as enfermeiras dos pais, "apenas" octogenários, mas doentes e dependentes.Para ele, quando - e se - a fórmula da fonte da juventude do povoado equatoriano for descoberta, talvez ela até possa ser distribuída. Mas, enquanto a água e o ar vilcabambenses não chegam pelo correio, é melhor prevenir."O que hoje funciona é a prevenção. Mar prevenir muito tem algo de perverter um pouco", escreve Coler. "Tomara que em Vilcabamba exista outra possibilidade, a de viver mais sem se mortificar tanto".Outros locais com concentração de centenáriosVilcabamba é conhecida como a cidade com maior concentração de centenários do Ocidente. Mas, do outro lado do mundo, há povoados que partilham essa mesma condição.Em Hunza, no norte do Paquistão, a longevidade é atribuída ao consumo de damascos, que abundam na região. Os damascos são usados de todas as maneiras, como azeite, geléia, fresco ou seco.A Abkházia, província da ex-URSS (União Soviética), que recentemente esteve na berlinda devido a um conflito armado regional, também é conhecida pela idade elevada de seus cidadãos. Um deles, Shirali Muslimov, teria chegado aos 168 anos de idade, dizem, graças ao iogurte que os habitantes do lugar costumam consumir diariamente.Já o povo de Ogimi, um povoado na ilha japonesa de Okinawa, põe no prato a goya, uma verdura amarga que teria poderes curativos.Os moradores de Ogimi, conta o médico e escritor Ricardo Coler, que também esteve por lá, "são alunos excelentes na hora de cumprir conselhos médicos", conhecem a medicina preventiva, fazem exercícios e praticam o budismo. "São o oposto de Vilcabamba", diz o médico, mas vivem menos que no povoado equatoriano.Os outros povos centenários não cultivam muitos hábitos recomendáveis. Em Hunza, Abkházia e Vilcabamba são os homens que vivem mais e gostam de se gabar de sua proezas sexuais com mulheres mais novas. Os três lugares ficam a mais de 1.500 metros de altura. Já Ogimi está ao nível do mar.O que os quatro locais têm em comum é a grande distância dos centros urbanos (portanto, ar puro), o fato de que seus idosos não se aposentam e a comida escassa."Hoje, há apenas uma coisa que comprovadamente garante que se viva mais: comer menos!", afirma Ricardo Coler. "Não comer menos do que se come, mas comer 30% menos do que deveria. Os longevos são sempre gente pequenina e magrinha".



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